Olá!
Há tempos estou em busca de dar conta das minhas demandas rotineiras. E isso significa olhar com atenção para o que eu consumo, e tentar achar formas mais naturais, autônomas e simples de resolver cada questão. Sem neura, sem muita cobrança, mas com consistência.
Na parte de lavar roupa, acredito que cheguei em um resultado muito bom! E vou dividir o que tem funcionado por aqui há alguns anos.
Para lavar
Para a lavagem de roupa na máquina, uso o sabão feito com 100% de óleo de coco palmiste, em pó.
O sabão que uso é o que eu mesma faço, com equilíbrio de ingredientes, e uma fórmula bem estruturada. Mas feito sem nenhum segredo, e sem nenhum ingrediente extra pra dar cheiro, espuma, nem nada assim.
O cuidado que tenho com o sabão começa em permitir um bom processo de cura. Depois, corto em pedaços pequenos, deixo secar assim por alguns dias, e transformo em pó em um processador. Simples assim. Uma colher de sobremesa dá conta de uma maquinada cheia.
Como funciona o amaciante
Já na parte do amaciante uso algo bem barato, que muita gente já ouviu falar, mas não sabe se é de fato eficiente: Vinagre. E sim, ele funciona mesmo, quimicamente falando.
O vinagre tem papel semelhante ao amaciante, que também é muito parecido com o papel do condicionador na lavagem dos cabelos. Eles são produtos de pH ácido, possuem íons H+ livres em sua composição. Esses íons positivos, na hora da lavagem, se encontram com os íons negativos que foram deixados pelo sabão no seu processo, e os neutralizam. Nessa dinâmica, as fibras da roupa perdem a carga elétrica, e ficam mais macias.
Por conta dessa reação de neutralização, assim como acontece com o amaciante tradicional, o amaciante natural precisa entrar em cena somente depois do sabão. É necessário deixar o sabão fazer o seu trabalho sozinho antes.
Um cheirinho para o vinagre
O vinagre é ótimo, mas o cheirinho dele não é aquilo tudo, né? Pensando nisso eu faço um esquema simples pra dar uma mascarada nesse arominha avinagrado (que de qualquer forma, não permanece depois na roupa, pode relaxar que evapora).
Uso dois recipientes de vidro. Um deles fica na lavanderia, pronto pra uso. E o outro fica preparando a infusão com os cheiros.
No vidro da infusão, uso vinagre de álcool, daquele mais baratinho mesmo. E vou adicionando cascas de tangerina e laranja, conforme vou consumindo essas frutas. Esse pote é reservado para essa finalidade. Vou colocando as cascas e completando com vinagre. Quando está pronto, filtro e passo para a outra garrafinha, aquela da lavanderia.
Fica lindo assim:
Esse foi começado na semana anterior à foto, anda com poucas cascas. Atrás, a garrafinha com o vinagre já filtrado, pronto pra usar.
E como saber que está pronto?
Estamos fazendo uma extração a frio, o tempo para que isso aconteça é necessário. Mas não fico muito ligada se fechou certa quantidade de dias. Aqui em casa consegui uma autorregulação do tempo desse processo.
Quando a garrafa do vinagre filtrado, que está lá na lavanderia, fica vazia, normalmente já é hora de filtrar o extrato da outra garrafa e passar pra lá.
Vou colocando cascas na garrafinha até encher. Sempre com vinagre cobrindo.
Em média, para lavar as roupas de uma única pessoa, eu levo cerca de 20 dias pra usar a garrafa com meio litro de vinagre já filtrado. Costumo usar cerca de 50mL por máquina cheia. Já deixo um potinho de medida junto. E esse é o tempo que as cascas costumam ficar na infusão de vinagre.
Se tiver mais gente na casa, também há mais bocas pra comer laranja. Hehehe. É fácil achar o equilíbrio da produção do vinagre na casa.
O resultado são roupa macias, porém com bem pouquinho cheiro. Beeeeem pouquinho. Zero cheiro de vinagre, e um pouquinho só do cheiro da laranja. Tem cheiro de roupa limpa, e só. E para mim isso não é problema. Mas sei que tem uma galera viciada em deixar cheirinho nas roupas. E às vezes é bom mesmo.
O aroma nas roupas
Para que as roupas fiquem perfumadas de fato, tenho outra técnica: Faço um preparado em spray com óleos essenciais (OEs), e aplico nas roupas assim que estendo no varal, enquanto ainda estão molhadas.
As quantidades variam muito em relação ao tipo de OE usado. Eu, como uso bastante OE nas produções, reaproveito todas as sobras dos frascos que acabam, das pipetas. Tudo que utilizo com OEs é lavado com álcool de cereais, e esse álcool perfumado vai para o recipiente do aromatizador (foto). É o que os perfumistas chamam de “mil flores”, chique. Depois diluo na proporção de uma parte desse álcool perfumado para umas cinco partes de água. Receita caseira de Botica é assim mesmo, ‘as vezes não tem fórmula exata. Nem sempre é necessário trabalhar com a precisão da química. Às vezes abrimos espaço para a leveza e a intuição da alma, da natureza, da praticidade …
Para quem não tem essa sorte de trabalhar com OEs assim, tentei esquematizar essa receita. Mas lembre que há aqueles OEs mais fortes, que tomam conta com uma única gotinha, e aqueles mais “acanhados”, que não possuem muita projeção do aroma no ambiente. Use cerca de 20 gotas para um primeiro teste. Adicione essas gotas em 20mL de álcool (de preferência de cereais), e junte 80mL de água. Bote num frasco spray e seja feliz.
Essa ideia é legal pois não desperdiça óleo essencial, algo tão nobre que a natureza nos dá. Se colocássemos o OE no sabão ou no vinagre, toda a água e os movimentos da lavagem iriam diluir e levar embora boa parte dele. Assim, a lavagem está pronta, a água já saiu, e o tecido ainda está úmido, com fibras abertas, pronto para absorver o aroma.
E agora, depois de fazer e preparar o sabão, de produzir o vinagre aromatizado pra não trabalhar com aquele cheirão, e de fazer o spray para perfumar as roupas no varal… quase dá vontade de lavar aquele monte de roupa, né?
Escrito por Cristiane Corrêa / Organizado por Bethânia Flôres.